Como construir uma casa que resista a um terramoto? Uma casa ou um prédio é resistente a um sismo quando o seu projecto estrutural contempla as dimensões, os materiais, as proporções e a resistência correspondentes às normas e às regras de construção vigentes numa região. Estas normas indicam as condições mínimas que devem ser cumpridas baseadas na incidência sísmica da zona.
Desde o projecto estrutural ao processo construtivo, mais do que cumprir as normas mínimas, importa superá-las. Existe sempre a possibilidade de haver um sismo de alta intensidade pelo que se afigura como primordial resguardar a segurança dos habitantes, evitando, ao máximo, colapsos totais ou parciais.
Se vive numa zona de risco sísmico e se quer precaver, é importante considerar alguns tópicos no que toca a projectar a sua casa. Entre eles, destacamos a localização do terreno, a escolha dos materiais, a gravidade e a proporção dos volumes. Estes pontos podem fazer a diferença entre um desastre total e a sua segurança.
É importante esclarecer que a engenharia sísmica não procura, em nenhum momento, evitar a percepção do terramoto, tampouco manter hirta a construção. Uma casa que se mantenha imóvel durante um movimento brusco da sua base tenderá a quebrar. O propósito é que a construção se adeque ao movimento, o suficiente para evitar a quebra, mas sem perder estabilidade e resguardando a segurança no interior.
Quer alguns conselhos? Então, acompanhe-nos.
A primeira coisa que deve fazer antes de pensar em construir uma casa que resista a um terramoto é escolher criteriosamente a localização da mesma. Procure locais onde o solo seja estável e onde não existam riscos de derrocadas, como as ladeiras das montanhas ou colinas. As margens de rios e as zonas pantanosas não são também recomendáveis.
O ideal é, antes de construir, contratar um engenheiro de solos ou um técnico para obter uma avaliação prévia que o ponha ao corrente de todos os riscos.
Não é por acaso que a maioria das construções assenta em paredes dispostas de forma perpendicular: estruturalmente, são a melhor opção. Numa zona de risco, o mais recomendável são os projectos regulares e simétricos com paredes a 90º, proporcionais e simétricas, evitando, se possível, os volumes com uma altura três vezes maior do que a largura.
Isto não significa que tenha que construir uma caixa de sapatos
. Aqui, é onde a criatividade e os conhecimentos de um profissional, seja ele um arquitecto ou um engenheiro, são profícuos para lhe mostrar estilos e formas diferentes.
Uma boa opção é o domo. A estrutura geodésica, ou seja, tipo carapaça, tal como a que vemos na imagem, destaca-se pela alta resistência e leveza. O esqueleto da casa consiste em barras que podem ser de qualquer material e de qualquer dimensão, sendo que o que mais importa é que os cálculos sejam feitos correctamente. No domo, as forças complementam-se orientando-se para um ponto central. O formato esférico e os triângulos que formam a estrutura fazem com que a força aplicada sobre o edifício se distribua igualmente até à base.
Por simples lógica física, é absurdo pensar que uma cimentação ligeira ou um primeiro nível com quatro colunas e traves delgadas possam sustentar um segundo piso de maiores dimensões ou que um vão de mais de um metro não deva contar com suportes. Ainda assim, há quem pretenda pôr à prova as leis da física e da natureza e expor os edifícios à força da gravidade. Cuidado!
É imprescindível existir continuidade em todo o sistema construtivo e que a estrutura de cada piso contemple a soma das cargas superiores. Devem evitar-se mudanças bruscas nas dimensões, vãos excessivos e uma configuração estrutural caótica e sem uniformidade e ordem.
Os materiais devem empilhar-se e unir-se monoliticamente entre si: as traves e as colunas, as lajes e as paredes, os vãos e os muros de carga. Isto significa que devem ser colocados ao mesmo tempo ou unir-se com as mesmas peças de aço provenientes da própria estrutura.
É crucial que a estrutura conforme uma peça única com a rigidez suficiente para se manter unida, mas com a flexibilidade necessária para se mover, estirar-se e contrair-se aquando de um movimento sísmico.
Para uma construção segura, é necessário garantir a uniformidade no que toca ao uso de materiais. Ainda que a construção não seja uma peça única, a uniformidade dos materiais e a união entre os mesmos permite uma integração total que faz com que ela funcione como um sistema perfeitamente articulado durante um movimento brusco.
Os materiais devem ser de excelente qualidade e apresentar capacidade suficiente para absorver a energia do sismo e dissipá-la. Existem testes que se fazem às paredes já construídas para submeter os materiais construtivos e de união à forças de cargas normais e extraordinárias, certificando-se assim se a estrutura suportará o movimento ou se será necessário mudar os materiais.
Esperamos que este livro de ideias o tenha ajudado, mas realçamos que a ajuda de um profissional é indispensável para o sucesso do seu projecto. A sua segurança – e a dos seus – é absoluta prioridade.
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